SÃO PAULO – Os contratos de juros futuros tiveram um pregão emblemático nesta
quarta-feira. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em
janeiro de 2013 foi abaixo de 10%, acenando que o mercado já trabalha com a
possibilidade de Selic de um dígito no ano que vem.
O aumento nas posições vendidas
decorre da piora do ambiente externo. A situação da Itália se agravou ainda
mais depois que a taxa de retorno dos títulos de 10 anos passou dos 7%, batendo
novo recorde.
Tal linha de preço é emblemática,
pois Grécia, Portugal e Irlanda tiveram de sair do mercado e ser resgatados por
pacotes multilaterais quando seus papéis romperam os 7%.
Para os analistas do Barclays, no
entanto, o “ponto sem volta” para a Itália já tinha sido atingido quando a taxa
de retorno ultrapassou 5,5%. Ou seja, o crescimento da dívida a essa taxa
ultrapassa o crescimento do PIB.
Localmente, o que os investidores
fazem no mercado de juros é simplesmente aplicar a receita dada pelo Banco
Central (BC), que relacionou a condução da política monetária à situação
externa. A lógica é simples: quanto pior a coisa lá fora, maior a chance de
corte no juro.
Além de sugerir Selic de um dígito no
médio prazo, a curva futura também mostra a possibilidade de o Comitê de
Política Monetária (Copom) acelerar o ritmo de ajuste do juro básico, optando
por uma redução de 0,75 ponto no encontro de 30 de novembro.
Para alguns agentes, no entanto, essa
opção só seria válida no caso de uma piora ainda maior do ambiente na Europa.
Por ora, e mesmo pelo discurso recente do BC, o mais provável seria um aumento
no número de cortes de 0,50 ponto da Selic, que atualmente está em 11,50%.
Outro assunto que passou pelas mesas
foi a possibilidade de revisão das medidas prudenciais adotadas no mercado de
crédito.
Veja abaixo a variação dos principais contratos de
juros futuros na BM&F, antes do ajuste final de posições:
|
Até as 16h10, foram negociados 1.558.422 contratos,
equivalentes a R$ 141,82 bilhões (US$ 80,96 bilhões), alta de 87% sobre o
registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2013 foi o mais
negociado, com 452.410 contratos, equivalentes a R$ 40,56 bilhões (US$ 23,16
bilhões).
Nenhum comentário:
Postar um comentário