Ações da fabricante de bens de consumo têm o pior
desempenho da bolsa brasileira
São
Paulo – A Hypermarcas vive um
ano para ser esquecido. A empresa perdeu a confiança dos investidores e viu o
seu valor de mercado derreter em 7,5 bilhões de reais apenas em 2011. A queda
de 65,7% das ações é a maior da bolsa brasileira. Mais um capítulo dessa
história foi contado na segunda-feira, quando ela publicou os resultados do
terceiro trimestre.
A
fabricante de bens de consumo anunciou um prejuízo líquido de 190,5 milhões de reais,
uma forte perda na comparação com o lucro líquido de 78 milhões de reais
alcançados um ano antes. A receita líquida cresceu 10,4%, para 908 milhões de
reais. Os papéis (HYPE3) despencaram mais 8%, para 7,73 reais.
“O
resultado abaixo do esperado é atribuído a uma menor rentabilidade e despesas
não-recorrentes. Os resultados financeiros foram influenciados pela variação
monetária na dívida em dólar, e vieram em linha com as nossas estimativas”,
destacam Erick Guedes e Fernando Labes, do banco Safra. As estimativas foram
colocadas em revisão.
“Este ano realmente não está sendo fácil para a
companhia, depois de longos períodos de fortes números e grandes aquisições, o
que vemos agora são ajustes e fracos resultados. Segundo a nova política
comercial, se faz necessária para estimular a desestocagem de seus clientes,
para posteriormente terem vendas com giro mais rápido e com maiores preços. A
grande pergunta é: ate quando este ajuste será necessário?”, questiona Sandra
Peres, da Coinvalores.
Para a empresa, o movimento de “desestocagem” está
próximo do fim e pode acontecer no início de 2012. “O objetivo é iniciar o ano de
2012 com os níveis de oferta e demanda mais alinhados”, disse a Hypermarcas no
relatório de resultados. Segundo a administração, o principal objetivo da nova
política comercial, a geração operacional de caixa, já está sendo cumprido.
“Nós
concordamos que a empresa precisava ajustar a sua estratégia de vendas para
focar na geração de caixa, mas o caminho tem se provado muito, muito mais
difícil do que pensávamos”, disseram as analistas Juliana Rozenbaum e Francine
Martins, do Itaú BBA, em relatório. O preço-alvo e a recomendação também foram
colocados em revisão.
Os analistas Luiz Cesta, Marco Richieri e Paulo
Prado, da Votorantim Corretora, também mostraram ceticismo. “Apesar de
enxergarmos alguma melhora na geração de caixa, o caso continua muito nebuloso
para seguir com a nossa recomendação. Portanto, estamos reduzindo a indicação
para manutenção”, avaliam. O preço-alvo foi reduzido de 20,40 reais para 10,10
reais.
A Hypermarcas reduziu a estimativa de lucro
operacional (Ebitda) para 2011 de 900 milhões de reais para 700 milhões de
reais – a projeção já tinha sido reduzida de 1 bilhão de dólares. Para 2012, o
guidance foi estabelecido em 850 milhões de reais. O aumento das incertezas do
cenário macroeconômico e a intensificação da implementação da nova política
comercial e o estímulo à desestocagem foram citados como motivos que levaram à
revisão.
"Acreditamos que a recuperação da Hypermarcas
em termos de crescimento e margens ainda irá demorar. Além disso, a baixa
previsibilidade dos lucros futuros, em nossa visão, nos deixa menos
confortáveis com nossa projeção", afirma a Ágora Corretora, em relatório.
A recomendação foi reduzida de compra para manter e o preço-alvo caiu de 15,90
reais para 8,70 reais.
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