segunda-feira, 7 de novembro de 2011

BR Malls coleciona recomendações positivas


O ano ainda não acabou, mas dificilmente em dois meses haverá motivos para que a administradora de shopping BR Malls não possa dizer que, em 2011, deu tudo certo para seus negócios.
A cada resultado, a companhia tem mostrado crescimento de receitas na casa de 60%. A taxa de ocupação de seus shoppings é quase máxima, de 98%. O retorno que tem obtido com a gestão daqueles que administra supera as suas próprias expectativas.
A empresa foi uma das poucas neste ano que conseguiram concluir uma oferta de ações - captou R$ 730 milhões em maio, o que permitiu a continuidade de seu programa de aquisições.
A ação, em setembro, atingiu cotação histórica, de R$ 20,33, quase três vezes o preço da estreia na bolsa, há quatro anos, na casa dos R$ 7. O ano também marcou o ingresso dos papéis na carteira dos principais índices da bolsa, Ibovespa e IBrX.


Após mais resultados sólidos no terceiro trimestre, analistas da Ativa, Deutsche Bank e Bank of America Merrill Lynch colocaram a BR Malls como "top pick" - principal recomendação. Depois de atingirem as máximas em setembro, as ações caíram 2,3%, performance bastante inferior aos 11,5% de alta do Ibovespa no período e que configurou oportunidade de compra, na visão dos analistas. Já no acumulado do ano, os papéis sobem 11%, enquanto o Ibovespa recua 15%.
O diretor financeiro da BR Malls, Leandro Bousquet, afirma que os bons resultados são frutos de ganhos de escala e foco na eficiência da gestão.
"A BR Malls é a maior companhia do setor e, apesar do tamanho, tem conseguido níveis de crescimento que são mais facilmente conquistados por empresas em fase de expansão", diz.
Os incrementos nos resultados têm sido conquistados via aquisições, mas também com melhoras na administração dos shoppings em que tem participação.
"Tentamos sempre melhorar os ativos que compramos. Boa parte de nossas aquisições é de empresários que estão em outros setores e também possuem shoppings, ou ainda de empresas familiares. Nós, pelo contrário, focamos apenas na gestão desse negócio", diz Bousquet, acrescentando que a companhia tem o melhor time de profissionais do mercado, em sua avaliação.
O analista David Lawant, da Itaú Corretora, disse em relatório que a BR Malls é uma das empresas mais bem administradas do setor, bem posicionada para aproveitar o cenário positivo para a indústria de shoppings no Brasil.
Com os resultados do terceiro trimestre, a companhia divulgou estudo sobre o retorno revisado das 16 aquisições que realizou de 2007 a 2009. A taxa de retorno esperada dos shoppings era de 13% no momento da aquisição. No entanto, a revisão constatou que ela foi de 18,3%, maior em função da implementação de seu modelo de gestão, que torna as operações mais eficientes e produtivas.
Na avaliação de Bousquet, um dos pontos fortes da companhia é sua presença nacional - possui participação em 43 shoppings, espalhados por todas as cinco regiões do Brasil e destinados a diferentes classes sociais no país.
"Como somos os maiores, temos mais de sete mil lojistas em nossa carteira. Isso nos dá muita força comercial na hora de negociar os espaços. E também nos possibilita discutir diversas questões, como merchandising, nacionalmente", explica Bousquet.
O executivo diz que a capitalização via oferta de ações foi essencial para que a empresa desse continuidade a seu programa de aquisições. "Ao realizá-la, garantimos recursos necessário para nossos planos até 2012."
Bousquet diz que a BR Malls continua de olho em novas oportunidades. Questionado sobre se a empresa também está sendo cobiçada por outros investidores, afirma que "isso não sabe dizer". Ele esclarece que a decisão de estipular que se um investidor alcançar fatia de 20% da empresa ficará obrigado a lançar uma oferta pública por 100% do capital busca preservar sua estrutura de capital pulverizado e seus minoritários. Na avaliação dele, não se trata de uma pílula de veneno, pois não há prêmio estipulado para a oferta, apenas que seja o maior preço pago pelos papéis em 12 meses.
No segundo trimestre, a receita líquida da companhia subiu 67,3%, para R$ 219,3 milhões. O Ebitda ficou em R$ 174 milhões, com alta de 72%. E a margem Ebitda está em 80%.
A analista do Bank of America Merrill Lynch Fanny Oreng diz que o crescimento da receita foi o principal ponto positivo e superou em 11% as estimativas do banco. Também foi destaque a expansão de 14,3% no critério de aluguéis mesmas lojas. A taxa de ocupação do trimestre foi de 97,6%, elevada para o setor, afirma a analista Julia Monteiro, da Ativa, apesar de refletir também a inauguração de três shoppings em fase de maturação e de novas aquisições, que possuem menor taxa de ocupação. Excluindo os novos shoppings, a taxa seria ainda mais expressiva, de 98,2%.
Na avaliação do Bank of America Merrill Lynch, alguns fatores indicam que a demanda por espaços em shoppings continuará aquecida, apesar do cenário macroeconômico fraco. Entre eles o fato de a companhia continuar a comercializar, em ritmo acelerado, novas áreas brutas locáveis (ABL) ainda a ser inauguradas nos próximos dois anos.
Na Itaú Corretora, o analista David Lawant destacou que a companhia mais uma vez mostrou capacidade de tirar vantagem do ambiente operacional promissor, com forte aluguel mesmas lojas e altas taxas de ocupação e margens.
Os analistas Marcello Milman e Gustavo Cambauva, do BTG Pactual, mantiveram a recomendação neutra para os papéis, mas admitem revisar estimativas. Eles observaram que as taxas de inadimplência e os pagamentos em atraso de varejistas continuam sem indicar que a empresa passará por uma desaceleração.
Nenhum dos analistas se ocupou da última linha do balanço da empresa no terceiro trimestre, que poderia, à primeira vista, não parecer muito animadora.
O lucro líquido da BR Malls no período foi de R$ 9,3 milhões, 90% inferior ao obtido no mesmo intervalo de 2010.
A variação de 20% na taxa de câmbio no terceiro trimestre teve impacto negativo de R$ 113 milhões no resultado financeiro da empresa. Esse efeito ocorreu pela variação sobre o principal de um bônus perpétuo da companhia, que é considerado um efeito não caixa. Em contrapartida, a marcação a mercado dos swaps do fluxo de juros da dívida contribuiu para um efeito não caixa positivo de R$ 64 milhões. Sem esses efeitos, o lucro da empresa no período teria sido de R$ 92 milhões, em alta de 29,1% sobre o terceiro trimestre de 2010.

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