terça-feira, 28 de junho de 2011

Falta de executivo aquece mercado de recrutamento


Demanda por executivos de média e alta gerência por empresas brasileiras cresce a cada mês, segundo agências e consultorias.
Ao pensar o negócio de uma empresa, logo se imagina que atrair os clientes está entre os itens fundamentais para sua existência. A afirmativa está correta, mas devido ao aquecimento econômico há um tipo de serviço que tem sofrido alterações em seu modelo.
Voltadas menos à prospecção de clientes e mais ao objeto de trabalho, ou seja, os bons profissionais, as consultorias de recrutamento têm lucrado alto com a tão falada escassez de mão de obra qualificada.
"Hoje estamos todos competindo ainda mais pelos talentos", afirma Luis Valente, presidente da Hays Brasil, especializada em recrutamento de executivos para média e alta gerência.
A internacional Michael Page tem visto a demanda por recrutamento crescer a cada mês. "De janeiro a maio deste ano tivemos aumento de 70% em comparação ao mesmo período de 2010", diz Ricardo Basaglia, diretor da consultoria também especialista em executivos para média e alta gerência.
Para atender a esta demanda, a empresa aumentou cerca de 60% sua equipe que hoje é formada por 200 consultores. Eles entrevistam, em média, 6 mil profissionais por mês. "É preciso ter corpo de equipe para saber onde os melhores estão", afirma.
Com faturamento de US$ 881 milhões no primeiro trimestre deste ano, um incremento de 20% na comparação com os primeiros três meses do ano passado, a Robert Half segue um caminho semelhante.
"Contratamos 30 consultores até o momento neste ano e pretendemos contratar outros 30 até dezembro", diz Fernando Mantovani, diretor de operações da especialista no recrutamento de executivos para média e alta gerência.
Embora os números sejam favoráveis, obstáculos como a inflação salarial dificultam a ação das consultorias. Na opinião de especialistas este pode ser um agente limitador no desenvolvimento do país a médio prazo.
"A supervalorização dos salários dificulta a contratação e a retenção", afirma Mantovani. Desta forma, as consultorias têm estado mais atentas aos candidatos. "Precisamos ser mais criteriosos quanto ao nível de comprometimento que tem sido menor, pois um profissional que só se atenta à remuneração não é interessante para as empresas", diz Basaglia, da Michael Page.

Concorrência
"Hoje é muito difícil encontrar um bom profissional que não esteja participando de outro processo seletivo", afirma Basaglia. Isso acontece porque muitas empresas têm contratado mais de uma consultoria como forma de se proteger, o que acirra ainda mais a competição entre elas.
"As empresas resguardam seus talentos ao contratar a consultoria com o acordo de que essa não poderá convidar seus funcionários para processos seletivos", diz Luiz Edmundo, diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), que completa: "Para elas é vantajoso, pois fica muito mais em conta contratar mais de uma consultoria do que correr o risco de perder um de seus talentos".
Especialistas acreditam se tal situação for mantida, em dois ou três anos os impasses para encontrar bons profissionais no mercado será ainda pior.
"É preciso que o governo continue investindo na formação técnica, que haja flexibilização de mão-de-obra e que sua importação seja facilitada em situações que afetam diretamente no desenvolvimento econômico", afirma Fernando Mantovani, da Robert Half

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