terça-feira, 20 de março de 2012

Indicadores do Brasil são destaque na agenda da semana


SÃO PAULO – Os eventos domésticos centram a atenção dos investidores nesta semana. Serão conhecidos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de março, taxa de desemprego e venda no varejo no mês de fevereiro.
Nos Estados Unidos, saem aos dados sobre a venda de imóveis novos e usados. E na zona do euro os investidores recebem números produção industrial e indicadores de atividade no segmento de serviços.
Hoje, além dos tradicionais boletim Focus e balança comercial semanal, os investidores recebem nova prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).
Amanhã, saem dados de inflação no Reino Unido e Alemanha e a construção de novas moradias em fevereiro nos EUA. Na quarta-feira, sai a venda de imóveis usados.
Na quinta-feira, além do IPCA-15 e da taxa de desemprego, os investidores acompanham a audiência pública do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), na Câmara dos Deputados.
Na sexta-feira, atenção às vendas no varejo brasileiro em fevereiro. O BC apresenta o comportamento do Investimento Estrangeiro Direto (IED) e da conta corrente no mês passado. E nos EUA é divulgada a venda de imóveis novos.
Mercados
O último pregão da semana passada foi morno tanto por aqui quanto no mercado externo. Depois de uma semana de agenda intensa, com reunião do Federal Reserve (Fed), banco central americano, e ata do Comitê de Política Monetária (Copom), além de acentuadas movimentações nos índice de ações, moedas e outros ativos, o dia parece ter sido de “pausa para avaliação”.
Em Wall Street, o Dow Jones encerrou o dia com leve baixa de 0,15%, a 13.233 pontos, dando fim a uma sequência de sete dias de valorização. O S&P 500 teve ganho de 0,11%, a 1.404 pontos. Já o Nasdaq cedeu 0,04%, a 3.055 pontos. Na semana, no entanto, os três indicadores tiveram de 2,4% cada.
No mercado de energia, o petróleo tipo WTI encerrou a sexta-feira com valorização de 1,9%, a US$ 107,06. A alta do dia, no entanto, não zerou a perda acumulada na semana, que ficou em 0,3%.
Bovespa
O clima de ressaca também bateu na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Depois de um pregão morno, o Ibovespa fechou em queda de 0,10%, para 67.682 pontos. O volume financeiro somou R$ 6,871 bilhões. Na semana, o indicador subiu 1,47%. No mês, tem alta de 2,94%. No ano, sobe 19,37%.
Mauro Schneider, economista da Banif Corretora, acredita que o dia morno, de certa forma, prenuncia uma semana também menos volátil. “Na comparação com o volume carregado de notícias importantes que já saiu no começo de março, a próxima semana não deve ser tão emocionante”, avalia. Na visão de Schneider, o mercado deve ficar de olho nas sondagens industriais (PMIs) da Europa e da China.
Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, observa que março tem sido um mês marcado pela falta de dinheiro novo para impulsionar o Ibovespa para além dos 70 mil pontos. “Faltam dados novos para alavancar as compras”, afirma. Para ele, novidades vão surgir em abril, com a divulgação de fechamentos sobre a economia no primeiro trimestre do ano, bem como balanços de companhias abertas.
Operadores lembraram que o dia teve influência do “Quadruple Witching”, vencimento simultâneo de contratos futuros e opções sobre índices e ações nas bolsas dos EUA. No Brasil, os investidores também ficam de olho na véspera do vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira, dia 19 de março.
Câmbio
O pregão de sexta-feira foi morno e de baixo volume de negócios no câmbio local. O dólar passou a maior do pregão rondando a estabilidade e assim encerrou o dia. A moeda americana caiu 0,06%, para R$ 1,803 na venda. O volume estimado para o interbancário ficou ao redor de US$ 1,1 bilhão, metade do registrado ontem.
O dólar completou a terceira semana seguida de valorização ao subir 1%. No acumulado de março, a valorização é de 4,83%. No ano, no entanto, a moeda ainda perde 3,53%.
O Banco Central (BC) fez leilão de compra à vista por volta das 15h50, mas a atuação não teve impacto na formação de preço. A taxa de corte no leilão foi de R$ 1,8025.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto encerrou com alta de 0,28%, a R$ 1,8004, e volume de US$ 41 milhões. Também na BM&F, o dólar com vencimento em abril mostrava valorização de 0,13%, a R$ 1,810, antes do ajuste final.
Os agentes assimilaram mais uma medida no câmbio. O governo reduziu a zero incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre contratos derivativos de hedge de exportação.
Em julho do ano passado, foi instituído um pedágio de 1% sobre a ampliação de posição vendida em derivativos de câmbio. Desde então, os exportadores pleiteavam uma compensação ou mesmo isenção da cobrança, pois a posição vendida (aposta de alta do real) não teria viés especulativo, mas sim de proteção (hedge).
A isenção feita hoje, porém, não é plena. A alíquota zero está condicionada ao limite de alavancagem para exposição cambial vendida em derivativos até 1,2 vez o valor total das operações com exportação realizadas no ano anterior por pessoa física ou jurídica titular dos contratos de derivativos.
Segundo um diretor de corretora, a nova medida representa uma “barreira” ao crescimento das exportações, já que com a limitação de 1,2 vez o exportador que tiver um crescimento superior a 20% de seus negócios terá de recolher IOF.
“No limite, o que o governo está fazendo é punir o exportador eficiente. Quanto mais eficiente você for, mas taxado será”, avalia.
Pensar em crescimento de volume de 20% pode ser muita coisa, mas esse não é o caso no quesito preço. Ainda mais se as exportações envolvem produtos básicos.
Para o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme, essa limitação a 20% tem cara de precaução, ou seja, o governo não quer deixar margem para especulação com dólar futuro.
Ampliando a avaliação, Nehme acredita que o mercado passa por um momento de observação. O impacto das medidas cambiais já foi sentido. Investidores foram buscar proteção no mercado futuro e o dólar saiu de R$ 1,70 para R$ 1,80.
Agora, diz o diretor, tem de se esperar para ver o efeito das medidas sobre o fluxo cambial. “A consequência efetiva veremos como o comportamento do fluxo”, diz.
Como não há certeza sobre qual será esse efeito, o volume de negócios cai tanto pelo lado da exportação quando da importação. Ou seja, vender ou comprar moeda a R$ 1,80 pode não se mostrar um bom negócio.
As medidas visam coibir o fluxo especulativo, mas também não deixam de impactar o fluxo “saudável”. No entanto, no fim das contas, o balanço de pagamentos não faz distinção e o governo precisa desses dólares "bons" ou "maus" para fechar a conta.
No câmbio externo, o dólar teve um dia de baixa ante seus principais rivais. Há pouco, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, caía 0,61%, a 79,77 pontos. Na mão oposta, o euro subiu 0,73%, para US$ 1,317.
Juros Futuros
Na sexta-feira, o mercado de juros deu continuidade ao movimento de ajustes provocado pela ata do Copom, que levou investidores a trabalhar com o piso de 9% para a taxa Selic.
Segundo cálculos de operadores, a taxa a termo entre os contratos 2014 e 2017, que indica a expectativa para Selic média para esse período, projetava 11,34%. Antes da ata, essa taxa chegou a bater 11,75%.
Também contribui para a queda dos juros longos o movimento dos títulos do Tesouro americano, cujo preço saiu das mínimas (mostrando, portanto, alguma alta das taxas) depois que o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) mostrou inflação abaixo do esperado (o indicador subiu 0,4%, ante projeção de 0,5%).
O movimento dos juros dos Treasuries tem influência direta sobre a parte mais longa da curva e o alívio dessas taxas corrobora o apetite do investidor por aplicar nesses contratos.
O Depósito Interfinanceiro (DI) janeiro/2013 projetava taxa de 8,97%, ante 8,93% no fechamento de ontem; DI janeiro/2014 tinha taxa de 63%, de 9,55.

terça-feira, 13 de março de 2012

Mercado brasileiro aguarda cerca de 20 IPOs em 2012, diz E&Y Terco


De acordo com análise da Ernst & Young Terco para 2012, a expectativa é de que haja um retorno gradual do otimismo em relação às aberturas de capital. São esperadas cerca de 20 operações, com possibilidade de aumento na quantidade, caso a crise na Europa se estabilize.
“O otimismo se repete em relação ao início de 2011, não apenas em relação ao número de IPOs, mas também a respeito da qualidade dos ativos no mercado brasileiro. As empresas estão chegando ao processo de abertura de capital com um nível de qualidade muito maior, porque tiveram mais tempo para se preparar para a abertura de capital”, afirma Paulo Sergio Dortas, sócio-líder da área de IPOs da Ernst & Young Terco.
O ano anterior também começou com expectativa de 20 operações de IPOs. A crise europeia, porém, atrapalhou os mercados, e o ano se encerrou com um total de apenas 11 aberturas de capital – pouco mais de 50% do esperado. “Para se ter uma ideia do impacto da crise na Europa, em 2007, ano em que o mercado de IPOs atingiu o seu auge no Brasil, foram mais de 60 operações”, diz Dortas.
Essas 11 operações no Brasil levantaram um total de US$ 4,4 bilhões. A liderança global ficou com o mercado chinês. Foram 1.255 IPOs, com um valor total de quase US$ 170 bilhões.
Em relação aos BRIC’s, o Brasil ficou em terceiro lugar tanto em número de operações, 11, como em relação ao valor captado, cerca de 4,4 bilhões.
No ano passado, além do número de IPOs no Brasil ter ficado abaixo do esperado, o desempenho das empresas que abriram seu capital também não foi tão animador. Ao longo de 2011, 5 das 11 empresas que estrearam no mercado brasileiro o fizeram com um preço abaixo do piso. Apenas uma empresa saiu no teto do range de preço.
“Os dados mostram que, em tempos turbulentos, a chamada ‘arte da precificação das ações’ torna-se ainda mais complexa, sendo um fator crítico para o sucesso dos IPOs”, afirma Dortas. Atualmente (dados referentes a 31/01/2012), apenas 4 das 11 empresas que abriram capital em 2011 estão com suas ações acima do preço de saída de seu IPO. Site: http://www.ey.com.br

IOF de 6% passa a valer para empréstimo externo de até cinco anos


BRASÍLIA - O governo estendeu a alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos externos com prazo até cinco anos (1,8 mil dias). Até então, essa alíquota incidia sobre empréstimos de até três anos.
A medida está no decreto 7.698 da edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU) e vale para contratações feitas a partir de hoje.
Preocupado com o excesso de dólares de investidores que buscam o Brasil como porto que assegura juros elevados em cenário de taxas em queda no resto do mundo, no dia 1º de março, o governo estendeu a alíquota de 6% de IOF para empréstimos externos de até três anos. Até então, a tributação incidia para as operações de até dois anos. O que o governo fez agora foi ampliar novamente esse prazo, para até cinco anos.

Governo toma nova medida cambial e dólar fecha acima de R$1,80


SÃO PAULO – A sessão foi de forte instabilidade no câmbio local conforme o governo voltou a tomar medida restritiva ao capital externo. O prazo de isenção de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% para captações externas subiu de três para cinco anos.
Conforme notou o economista da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, não é a medida em si que assusta, já que todas as grandes captações do ano tiveram prazo superior a cinco anos, mas sim a postura do governo, que vem ameaçando e agindo.
“Não que se duvidasse do governo, mas a determinação é forte. Não tinha necessidade de anunciar nova medida”, diz Barbutti, lembrando que o mercado já estava de “cara nova” como dólar mirando o R$ 1,80 no fim da semana passada.
Hoje, o dólar comercial encerrou o dia com valorização de 1,12%, a R$ 1,805 na venda. Ao longo da sessão, a moeda americana chegou a fazer máxima a R$ 1,834, um salto de 2,75%. O giro estimado para o interbancário foi de US$ 1,4 bilhão.
Da mínima do ano, registrada em 28 de fevereiro, a R$ 1,699, o dólar comercial sobe 6,24%. No ano, a moeda ainda perde 3,4%. Mas essa queda anual já chegou a 9,10%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou com valorização de 1,48%, a R$ 1,8094, e giro de US$ 98 milhões.
Também na BM&F, o dólar com vencimento em abril mostrava alta de 0,52%, a R$ 1,811, antes do ajuste final de posições. Na máxima, o contrato foi a R$ 1,843 (+2,30%).
Ainda de acordo com Barbutti, da BGC Liquidez, o investidor que ingressou com dólares no país seja para investimento em bolsa ou renda fixa e não fez hedge parece estar fazendo contas e montando uma “proteção” contra a alta do dólar. E se todo mundo fizer hedge de pelo menos parte da posição, a demanda por moeda sobe e sobe muito.
Para Barbutti, sem novidades vindas do governo, o mercado deve se acomodar e a formação de preço pode ficar mais alinhada com o que acontece no câmbio externo.
Segundo o gestor da Vetorial Asset, Sérgio Machado, tamanha volatilidade no preço da moeda gerou uma série de “stop loss” no mercado. Ou seja, quem tinha posição vendida foi obrigado a mudar de mão para não perder mais dinheiro. E sempre que esses “stops” são acionados, o movimento de alta do dólar ganha fôlego. Foi o que se viu em boa parte da sessão.
De acordo um operador, foi perceptível a presença dos investidores estrangeiros na compra de dólar futuro no pregão de hoje. Tal percepção será confirmada amanhã, quando a BM&F atualizar as posições.
Esse mesmo operador acredita que enquanto o não residente compra, os fundos locais vendem. Afinal de contas, esses agentes tinham tomado mais de US$ 1 bilhão em contratos futuros de dólar na sexta-feira.
Conforme o real perde preço de forma mais acentuada que seus pares externos, cresce a atratividade de montar apostas de valorização da moeda brasileira, não só ante o dólar, mas também contra o peso mexicano e dólar australiano, por exemplo. No entanto, o investidor tem de escolher entre a perspectiva de lucro e o risco de desafiar a vontade do governo de não deixar o real se valorizar.
No câmbio externo, outras moedas emergentes como o peso mexicano, dólar australiano e dólar canadense também perdem para o dólar, mas o real foi destaque mundial de baixa nesta segunda-feira

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