SÃO PAULO – Os eventos domésticos centram a atenção dos investidores nesta
semana. Serão conhecidos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15)
de março, taxa de desemprego e venda no varejo no mês de fevereiro.
Nos Estados Unidos, saem aos dados sobre a venda de imóveis
novos e usados. E na zona do euro os investidores recebem números produção
industrial e indicadores de atividade no segmento de serviços.
Hoje, além dos tradicionais boletim Focus e balança comercial
semanal, os investidores recebem nova prévia do Índice Geral de Preços –
Mercado (IGP-M).
Amanhã, saem dados de inflação no Reino Unido e Alemanha e a
construção de novas moradias em fevereiro nos EUA. Na quarta-feira, sai a venda
de imóveis usados.
Na quinta-feira, além do IPCA-15 e da taxa de desemprego, os
investidores acompanham a audiência pública do presidente do Banco Central
(BC), Alexandre Tombini, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização (CMO), na Câmara dos Deputados.
Na sexta-feira, atenção às vendas no varejo brasileiro em
fevereiro. O BC apresenta o comportamento do Investimento Estrangeiro Direto
(IED) e da conta corrente no mês passado. E nos EUA é divulgada a venda de
imóveis novos.
Mercados
O último pregão da semana passada foi morno tanto por aqui
quanto no mercado externo. Depois de uma semana de agenda intensa, com reunião
do Federal Reserve (Fed), banco central americano, e ata do Comitê de Política
Monetária (Copom), além de acentuadas movimentações nos índice de ações, moedas
e outros ativos, o dia parece ter sido de “pausa para avaliação”.
Em Wall Street, o Dow Jones encerrou o dia com leve baixa de
0,15%, a 13.233 pontos, dando fim a uma sequência de sete dias de valorização.
O S&P 500 teve ganho de 0,11%, a 1.404 pontos. Já o Nasdaq cedeu 0,04%, a
3.055 pontos. Na semana, no entanto, os três indicadores tiveram de 2,4% cada.
No mercado de energia, o petróleo tipo WTI encerrou a
sexta-feira com valorização de 1,9%, a US$ 107,06. A alta do dia, no entanto,
não zerou a perda acumulada na semana, que ficou em 0,3%.
Bovespa
O clima de ressaca também bateu na Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa). Depois de um pregão morno, o Ibovespa fechou em queda de 0,10%, para
67.682 pontos. O volume financeiro somou R$ 6,871 bilhões. Na semana, o
indicador subiu 1,47%. No mês, tem alta de 2,94%. No ano, sobe 19,37%.
Mauro Schneider, economista da Banif Corretora, acredita que o
dia morno, de certa forma, prenuncia uma semana também menos volátil. “Na
comparação com o volume carregado de notícias importantes que já saiu no começo
de março, a próxima semana não deve ser tão emocionante”, avalia. Na visão de
Schneider, o mercado deve ficar de olho nas sondagens industriais (PMIs) da
Europa e da China.
Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos,
observa que março tem sido um mês marcado pela falta de dinheiro novo para
impulsionar o Ibovespa para além dos 70 mil pontos. “Faltam dados novos para
alavancar as compras”, afirma. Para ele, novidades vão surgir em abril, com a
divulgação de fechamentos sobre a economia no primeiro trimestre do ano, bem
como balanços de companhias abertas.
Operadores lembraram que o dia teve influência do “Quadruple
Witching”, vencimento simultâneo de contratos futuros e opções sobre índices e
ações nas bolsas dos EUA. No Brasil, os investidores também ficam de olho na
véspera do vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira, dia 19 de
março.
Câmbio
O pregão de sexta-feira foi morno e de baixo volume de negócios
no câmbio local. O dólar passou a maior do pregão rondando a estabilidade e
assim encerrou o dia. A moeda americana caiu 0,06%, para R$ 1,803 na venda. O
volume estimado para o interbancário ficou ao redor de US$ 1,1 bilhão, metade
do registrado ontem.
O dólar completou a terceira semana seguida de valorização ao
subir 1%. No acumulado de março, a valorização é de 4,83%. No ano, no entanto,
a moeda ainda perde 3,53%.
O Banco Central (BC) fez leilão de compra à vista por volta das
15h50, mas a atuação não teve impacto na formação de preço. A taxa de corte no
leilão foi de R$ 1,8025.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto
encerrou com alta de 0,28%, a R$ 1,8004, e volume de US$ 41 milhões. Também na
BM&F, o dólar com vencimento em abril mostrava valorização de 0,13%, a R$
1,810, antes do ajuste final.
Os agentes assimilaram mais uma medida no câmbio. O governo
reduziu a zero incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre
contratos derivativos de hedge de exportação.
Em julho do ano passado, foi instituído um pedágio de 1% sobre a
ampliação de posição vendida em derivativos de câmbio. Desde então, os
exportadores pleiteavam uma compensação ou mesmo isenção da cobrança, pois a
posição vendida (aposta de alta do real) não teria viés especulativo, mas sim
de proteção (hedge).
A isenção feita hoje, porém, não é plena. A alíquota zero está
condicionada ao limite de alavancagem para exposição cambial vendida em
derivativos até 1,2 vez o valor total das operações com exportação realizadas
no ano anterior por pessoa física ou jurídica titular dos contratos de
derivativos.
Segundo um diretor de corretora, a nova medida representa uma
“barreira” ao crescimento das exportações, já que com a limitação de 1,2 vez o
exportador que tiver um crescimento superior a 20% de seus negócios terá de
recolher IOF.
“No limite, o que o governo está fazendo é punir o exportador
eficiente. Quanto mais eficiente você for, mas taxado será”, avalia.
Pensar em crescimento de volume de 20% pode ser muita coisa, mas
esse não é o caso no quesito preço. Ainda mais se as exportações envolvem
produtos básicos.
Para o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme, essa limitação a
20% tem cara de precaução, ou seja, o governo não quer deixar margem para
especulação com dólar futuro.
Ampliando a avaliação, Nehme acredita que o mercado passa por um
momento de observação. O impacto das medidas cambiais já foi sentido.
Investidores foram buscar proteção no mercado futuro e o dólar saiu de R$ 1,70
para R$ 1,80.
Agora, diz o diretor, tem de se esperar para ver o efeito das
medidas sobre o fluxo cambial. “A consequência efetiva veremos como o
comportamento do fluxo”, diz.
Como não há certeza sobre qual será esse efeito, o volume de
negócios cai tanto pelo lado da exportação quando da importação. Ou seja,
vender ou comprar moeda a R$ 1,80 pode não se mostrar um bom negócio.
As medidas visam coibir o fluxo especulativo, mas também não
deixam de impactar o fluxo “saudável”. No entanto, no fim das contas, o balanço
de pagamentos não faz distinção e o governo precisa desses dólares
"bons" ou "maus" para fechar a conta.
No câmbio externo, o dólar teve um dia de baixa ante seus
principais rivais. Há pouco, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa
americana ante uma cesta de moedas, caía 0,61%, a 79,77 pontos. Na mão oposta,
o euro subiu 0,73%, para US$ 1,317.
Juros Futuros
Na sexta-feira, o mercado de juros deu continuidade ao movimento
de ajustes provocado pela ata do Copom, que levou investidores a trabalhar com
o piso de 9% para a taxa Selic.
Segundo cálculos de operadores, a taxa a termo entre os
contratos 2014 e 2017, que indica a expectativa para Selic média para esse
período, projetava 11,34%. Antes da ata, essa taxa chegou a bater 11,75%.
Também contribui para a queda dos juros longos o movimento dos
títulos do Tesouro americano, cujo preço saiu das mínimas (mostrando, portanto,
alguma alta das taxas) depois que o índice de preços ao consumidor dos EUA
(CPI, na sigla em inglês) mostrou inflação abaixo do esperado (o indicador
subiu 0,4%, ante projeção de 0,5%).
O movimento dos juros dos Treasuries tem influência direta sobre
a parte mais longa da curva e o alívio dessas taxas corrobora o apetite do
investidor por aplicar nesses contratos.
O Depósito Interfinanceiro (DI) janeiro/2013 projetava taxa de
8,97%, ante 8,93% no fechamento de ontem; DI janeiro/2014 tinha taxa de 63%, de
9,55.